Por que junho é o mês do orgulho LGBTQIA+?

Mimo Crafts

Publicado em junho 24, 2022

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Junho é o mês do orgulho LGBTQIA+. E há vários motivos claros e justos para isso. É que, nessa época do ano, são promovidos diversos movimentos e passeatas em defesa dos direitos dessas pessoas e do respeito à diversidade.

 

Por que junho é o mês do orgulho LGBTQIA+? Entenda!

 

As manifestações são realizadas em todo o Brasil e também mundo afora. E a Mimo Crafts acredita no poder do amor, da liberdade e da humanidade.  Por isso, defendemos a importância dessa causa! Afinal, queremos um mundo melhor para todos!

Por aqui, acreditamos que ir muito além do papel também passa pela celebração da diversidade! E esses movimentos políticos do Orgulho também são tidos e vistos como uma forma de celebrar as relações que não seguem a heteronormatividade imposta pela sociedade tradicional e conservadora.

Um ótimo exemplo no Brasil é a 26ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIA+ em São Paulo que realizada no domingo, dia 19 de junho.

 

Por que junho é o mês do orgulho LGBTQIA+? Entenda!
Público na 26ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo — Foto/Reprodução: Celso Tavares/g1

 

A manifestação gigantesca teve “Vote com Orgulho – por uma política que representa” como tema principal.

 

Por que junho é o mês do orgulho LGBTQIA+? Entenda!
Parada Gay de São Paulo teve tema “Vote com Orgulho – Por uma política que representa” em 2022 — Foto/Reprodução: Arthur Stabile/g1

 

O ato percorreu da Avenida Paulista até a Praça Roosevelt, no Centro da capital paulista. A Parada contou com desfile de 19 trios elétricos e reuniu mais de 3 milhões de pessoas.

Entre os muitos artistas de peso que se apresentaram nesse edição da Parada Gay de SP, estavam: Pabllo Vittar, Ludmilla, Pepita, Mateus Carrilho, Liniker, Majur, Gretchen, Tiago Abravanel, Lexa, Luisa Sonza e o bloco de Carnaval Minhoqueens.

 

Show da Pabllo Vittar agitou a multidão LGBTQIA+ na Parada Gay de SP — Foto/Reprodução: Celso Tavares/g1
Show da Pabllo Vittar agitou a multidão LGBTQIA+ na Parada Gay de SP — Foto/Reprodução: Celso Tavares/g1
Precisamos voltar no tempo para entender o motivo pelo qual junho é o mês do orgulho LGBTQIA+. Um grupo de homossexuais se recusou a ser revistado pela polícia no bar Stonewall Inn no fim da noite do dia 28/06/1969.
Fachada atual do bar Stonewall Inn, em Nova York
Fachada atual do bar Stonewall Inn, em Nova York
Esse é um bar gay do vilarejo de Greenwich, em Nova York, EUA, que existe até hoje e continua sendo frequentando em maioria por esse público. Um dos manifestantes jogou uma primeira pedra nos policiais que faziam a repressão, iniciando o confronto que durou 4 horas aproximadamente.
Em seguida, como protesto, eles se confinaram dentro do Stonewall. Enquanto isso, o grupo recebeu apoio de uma multidão de gays, travestis, drag queens e lésbicas do lado de fora do bar.
Mas, o bar ficou destruído. O movimento durou cinco dias até ser contido pelas autoridades locais. E, então, esse ato ficou conhecido como a Revolta de Stonewall ou a Rebelião de Stonewall.
Porém, a luta dos LGBTQIA+ por direitos ganhou apoio e visibilidade a partir dessa Rebelião. Dessa forma, até o final do ano de 1969, muitas cidades norte-americanas passaram a ter organizações que lutavam pelos Direitos dessa classe da sociedade.
Em 1970, após 1 ano da Revolta, os LGBTQIA+ junto a essas organizações fizeram as primeiras Passeatas do Orgulho Gay nos Estados Unidos.

Ser LGBTQIA+ era crime!

Lá, nos Estados Unidos, até 1962, havia uma legislação antihomosexual. Ela criminalizava as práticas homossexuais e bissexuais em todos os Estados. Até o fato de um homem dançar lento com outro homem poderia ser legalmente reprimido pela Polícia.

Entretanto, essa Lei foi derrubada nesse mesmo ano no Estado de Illinois, que alterou seu Código Penal, descrimilazinando a homossexualidade. Contudo, outros Estados só começaram a fazer o mesmo em 1972.

Nova Iorque só aderiu à descriminalização nos anos 1980. Por isso, essa Revolta de Stonewall foi necessária. Pois, lá em 1969, as perseguições policiais aos LGBTQIA+ além de muito comuns e autoritárias, seguiam muito hostis.

Mesmo assim, somente em 2003, essa Legislação ultrapassada foi superada de vez em todo o terriório norte-americano.

Quem foram Marsha P. Johnson, Sylvia Rivera e  Stormé DeLarverie?

Entre as manifestantes que chegaram de madrugada para apoiar a Revolta de Stonewall, destacaram-se Marsha P. Johnson, Sylvia Rivera e  Stormé DeLarverie. Marsha e Sylvia eram travestis famosas entre o público LGBTQIAPP+ de Nova York naquela época.
Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera em Parada Gay em Nova York
Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera em Parada Gay em Nova York
Juntas, as duas fundaram a  Ação Revolucionária das Travestis de Rua – STAR. Vale ressaltar que, muitas das vezes, essa Instituição não é lembranda quando o assunto é a Rebeilão de Stonewall. Contudo,  a STAR foi de extrema importância para apoiar a população LGBTQIA+ naquele contexto de alta vulnerabilidade social.
É que a Ação Revolucionária dava  abrigo e apoio as pessoas trans, drag queens, moradoras de rua e não-brancas. A Instituição também atuava para dar mais visibilidade à causa dessas minorias sociais.
Tudo isso é mostrado em flahsbacks no documentário biográfico “A Morte e Vida de Marsha P. Johnson“, da plataforma Netflix.
Documentário "A Morte e Vida de Marsha P. Johnson", da Netflix
Documentário “A Morte e Vida de Marsha P. Johnson”, da Netflix
Com direção e roteiro de David France, o filme exibe a investigação feita pela ativista Victoria Cruz da morte de Marsha P. Johnson. A travesti era amiga dela e foi assassinada em 1992. Enquanto Cruz corre atrás de pistas, também enfrenta uma onda de violência contra mulheres trans.
Já Stormé DeLarverie era lésbica e reconhecida pelo público LGBTQI+ da época como “A Guardiã das Lésbicas”.
Ela era ainda uma drag king famosa e uma das atuantes mais importantes nos movimentos das mulheres LGBT e das pessoas transmasculinas.
Apesar de não haver uma informação ou fonte oficial sobre o assunto, o que se fala é que Stormé foi quem deu o primeiro soco em um policial na Rebelião de Stonewall. Esse ato, dizem, teria colocado mais “lenha na fogueira” da revolta, inflamando ainda mais os manifestantes.

O que significa a sigla LGBTQIA+? Junho é o Mês do Orgulho

Vimos que junho é o mês do orgulho LGBTQIA+, mas você sabe o que siginifica cada letra dessa sigla? Nos anos 90 e 2000, era comum se usar GLS para se referir a Gays, Lésbicas e Simpatizantes.

Depois, o termo foi atualizado para LGBT, acolhendo também as travestis, transexuais e transgêneros. E hoje, a sigla possui sete letras e o sinal de adição no final. Esse último elemento busca representar outras orientações sexuais (por quem cada pessoa se sente sexual e afetivamente atraída) e identidades de gênero (como a pessoa se identifica).

Entenda, a seguir, o significado de cada caractere reunido na sigla LGBTQIA+:

L = Lésbicas

Mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, por outras mulheres.

G = Gays

Homens que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, por outros homens.

B = Bissexuais

Homens e mulheres cisgêneros que sentem atração afetivo/sexual por dois gêneros: masculino e feminino.

T = Transexuais

Pessoas que se opõem, que TRANSgridem e TRANScendem a ideologia heterocisnormativa imposta socialmente. Não se identificam com a identidade de gênero atribuída a elas no momento do nascimento. Mas, sentem-se pertencentes ao gênero imediatamente oposto a este. Trata-se, então, de uma identidade ligada ao psicológico e não ao físico. Pois, nesses casos, pode haver ou não uma mudança fisiológica para adequação.

T = Travestis

As (e nunca “os”) travestis também são incluídas no grupo da transexualidade ou transgeneridade. Porém, elas constituem um terceiro gênero apesar de se identificarem com a identidade feminina.

Q = Queer

Representa todos que não se encaixam dentro da orientação sexual, da identidade ou expressão de gênero, ou ainda das características sexuais impostas pela convenção social.

Traduzida ao pé da letra, a palavra remete a algo como estranho e rídículo. Sendo assim, ela sempre foi usada como ofensa a pessoas LGBTQIA+ nos EUA.

Porém, a comunidade LGBTQIA+ se apropriou do termo na década 1980, como forma de subversão às normas sociais vigentes. Assim, esse termo foi apropriado pelo Movimento como um símbolo de orgulho que representa o excêntrico, o raro e o extraordinário.

I = Intersexuais

Pessoas que nascem com os dois sexos, o feminino e o masculino. Sendo assim, esse termo substitui a palavra “hermafrodita”. As pessoas pertencentes a esse gurpo possuem cromossomos, genitais, hormônios e demais características fisiológicas dos dois sexos.

A = Assexuais

Não sentem atração e desejo sexuais por outras pessoas, independente do gênero ou sexualidade. Existem diferentes níveis de assexualidade. Além disso, é comum que estas pessoas não vejam as relações sexuais humanas como prioridade.

A = Agênero

Aquele(a) que tem identidade de gênero neutra. Ou seja, essa pessoa está entre os gêneros binários masculino e femino, pois não se identifica totalmente com nenhum dos dois.

A = Andrógeno

É a pessoa cuja expressão de gênero transita entre os dois polos, homem e mulher. Isto é, o andrógeno usa roupas, corte de cabelo e acessórios, por exemplo, considerados unissex. Ou ainda, prefere variar entre visuais que são considerados feminino e masculino com frequência e fluidez.

+ = Outros grupos e variações de sexualidade e gênero

O símbolo de adição é utilizado para incluir outros grupos e variações de sexualidade e gênero na sigla LGBTQIA+. Por isso, ele une as pessoas pansexuais, polissexuais, não-binárias, crossdressers, drag queens/kings, por exemplo, além de outras identidades de gêneros e sexualidades.

Qual a  diferença entre identidade de gênero e orientação sexual?

Muita gente se confunde em relação ao que diferencia identidade de gênero de orientação sexual. Porém, entender isso é muito fácil e a gente te explica agora!

 

Orientação Sexual

Orientação sexual é a forma de atração afetiva e sexual de cada ser humano por um ou mais gêneros ou ainda a inexistência dela (caso dos assexuados). Sendo assim, os diferentes tipos de orientações sexuais são representados na sigla LGBTQIA+, que detalhamos acima.

 

Identidade de Gênero

A identidade de gênero é como a pessoa se identifica com o gênero que foi designado a ela no momento do nascimento dela. Atualmente, existem 3 identidades de gênero. Então, confira quais são elas a seguir:

Cisgênero

Pessoa que se indetifica com o gênero  que lhe foi designado ao nascer.

Transgênero

Pessoa que foi designada com um gênero ao nascer, porém, não se identifica com ele. Contudo, ela pode ou não realizar cirurgia de redesignação sexual. Assim, é nesse grupo que a travesti está incluída.

Não binário

Não se identifica nem como homem, nem como mulher. Ou seja, essa identidade é fluída. Além disso, ela também se mostra como uma reação à construção social do sexo, aos estereótipos de gênero. 

IMPORTANTENão se deve utilizar a expressão: “opção sexual”, já que não se trata de uma escolha, pois ninguém escolhe sofrer preconceito, dor, perseguição social e lgtbquia+fobia. Assim, o certo é orientação sexual! Mas, na dúvida, oriente-se antes de falar.

Significado das Cores da Bandeira LGBTQIA+

A bandeira lbtqia+ possui apenas seis colorações atualmente. Mas, ela foi criada originalmente com 8 cores pelo artista plástico Gilbert Baker em 1978. Cada faixa colorida representa um aspecto da cultura e dos interesses dessa comunidade.
Por que junho é o mês do orgulho LGBTQIA+? Entenda!
Cores da bandeira LGTQIA+ têm significados culturais importantes
O roxo representa o espírito humano; o azul simboliza as artes; o verde se refere a natureza; o amarelo traduz a luz do sol; o laranja significa a cura; e o vermelho corresponde a vida.

O que é a LGBTFobia?

Chegamos, então, a outra grande justificativa que explica o porquê de junho é o mês do orgulho LGBTQIA+: a LGBTFobia, é claro.

Ela é o “ato ou manifestação de ódio ou rejeição a homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais”. Isso é o que a Maria Berenice Dias, presidente da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, comenta.

Dados da LGBTFobia no Brasil

A crescente LGBTFobia no Brasil e no mundo é outro fator que explica o motivo pelo qual junho é o mês do orgulho LGBTQIA+. Pois, a luta pelos direitos e pela equidade não pode parar, uma vez que as notícias são alarmantes. É isso que vamos te mostrar agora.

De acordo com os dados de pesquisa da organização de mídia Gênero e Número, que teve apoio da Fundação Ford, as trans brasileiras correm 12 vezes mais risco de sofrerem morte violenta do que as norteamericanas. Entretanto, esse é apenas um dos estudos que denunciam o Brasil como o país que mais mata pessoas trans em todo o mundo.

O Relatório Mundial da Transgender Europe demonstrou que, de 325 assassinatos de transgêneros registrados em 71 países em 2016 e 2017, 52%, ou seja,  171 casos ocorreram no Brasil.

As denúncias de LGBTQIA+ recebidas no Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos, em 2017, mostram que, em segundo lugar entre elas, estão os crimes de discriminação do indivíduo por causa de sua identidade de gênero ou sexualidade.

Depois, no terceiro lugar desse levantamento, aparece a violência física. Por sua vez, ela engloba desde a lesão corporal até o homicídio.

O infográfico abaixo foi feito pelo site Politize  a partir de outra gráfico organizado pela Fundação Getúlio Vargas. Ele mostra melhor o pananorama geral das denúncias recebidas pelo Disque 100.

 

Infográfico com informações da Fundação Getúlio Vargas sobre denúncias recebidas pelo Disque 100
Infográfico com informações da Fundação Getúlio Vargas sobre denúncias recebidas pelo Disque 100

 

Além disso, a Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil de 2016 apontou que 36% do estudantes foram agredidos fisicamente.

Outros 73% informaram ter sido agredidos verbalmente. Ainda de acordo com o estudo, a lgbtqia+fobia levou 58,9% das(os) alunas(os) que sofrem agressão verbal com frequência a faltarem às aulas pelo menos uma vez ao mês.

Realidade pode ser pior

Esses dados todos, por si só, já são muito estarrecedores. Contudo, além deles, há muitos outros que não trouxemos aqui. Mas, o alerta é que a realidade brasileira é ainda bem pior. Pois, o contexto é de grande subnotificação. E, além disso, há baixo controle estatístico dos crimes de lgbtqiapp+fobia por parte do Governo do Brasil.

Então, sigamos clamando por Justiça em defesa da Diversidade e dos Direitos Humanos nessa luta que precisa ser de todos!

Mimo Crafts: Muito Além do Papel!

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